Na semana passada aconteceu o SPFW N48, com uma pegada bem mais local e autoral que nos anos anteriores, e trouxe a tona discussões sobre representatividade, novos meios de produção e sustentabilidade. Um dos patrocinadores do evento foi o Santander, que vem carregando o título de Banco da Moda já há alguns anos e que, com seu stand – um dos mais interessantes do evento, tanto visual como conceitualmente falando -, era possível interagir com bancos em formato de carretéis, croquis que podiam ser pintados e com um palco onde aconteceram debates e talks sobre empreendedorismo, moda e ecologia e ainda nos apresentou o Costurando Sonhos. Fizemos algumas perguntas, pesquisamos mais a fundo sobre o projeto e queríamos compartilhar essa iniciativa incrível com vocês.
O Costurando Sonhos foi criado em 2017 com o objetivo de capacitar em corte e costura mulheres, em situação de vulnerabilidade e vítimas de violência doméstica, da comunidade de Paraisópolis – SP. Desse modo, elas têm uma alternativa de geração de renda e maiores oportunidades de entrar no mercado de trabalho qualificado e humanizado. Por meio do upcycling, ou seja, do reaproveitamento de tecidos e produtos para a criação de uma nova peça, são confeccionados por elas ecobags, nécessaires, estojos, entre outros produtos que estão à venda também no site das lojas Americanas e cuja verba é revertida para a manutenção da iniciativa.
Nesse Fashion Week, essas mulheres tiveram a oportunidade de expor e vender os trabalhos que modelaram e costuraram por meio da coleção Nós, desenhada pela estilista Stephany Ribeiro, no Espaço Santander. Além das peças, Paraisópolis foi representada também pelos modelos, visto que todos eles são moradores da comunidade, alguns já nascidos ali e outros que adotaram o local como lar.
Foram fatores políticos, econômicos, sociais e ambientais interligados e à mostra em um acontecimento tão importante e único no país, nos ensinando a ser mais empáticos, criativos e nos apontando uma realidade que está mais próxima do que imaginamos, mas que acabamos não prestando atenção. Estamos fechados em uma bolha e acredito que eventos como o SPFW são exatamente para isso: para nos tirar dela e nos mostrar diferentes soluções e perspectivas por meio de um mundo, que acaba sendo muitas vezes tão injusto e elitista, como é o da moda.
